quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

PROJETO MATUMBÉ-OFICINAS DE DANÇAS AFRO-BRASILEIRAS COM O NÚCLEO BALLET DA BARRA

No dia 21 de dezembro o Núcleo Ballet da Barra juntamente com a Cia Ballet da Barra realizou uma apresentação de danças de matrizes negras encerrando o Projeto Matumbé-Oficinas de Danças Afro-Brasileiras na programação da Festa Anual do grupo Matumbé de Capoeira-Amazonas, com início às 14 horas na quadra de esportes da Vila Olímpica do Dom Pedro I, Avenida Pedro Teixeira, nº 400.

O Projeto Matumbé foi contemplado pelo Edital Prêmio Agente Jovem de Cultura: Diálogos e Ações Interculturais, promovido pela Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura em 2012 e vem desenvolvendo aulas de dança com capoeira desde janeiro de 2013.

Kamila Cavalcante foi a agente jovem contemplada com a ideia de dar continuidade as atividades do projeto que já existe no Núcleo Ballet da Barra. Incentivada pelas professoras Cléia Alves (coordenadora artística) e Marta Marti (coordenadora pedagógica) Kamila viu uma oportunidade de continuar as atividades de danças populares, pois esta é uma das modalidades que o projeto desenvolve com crianças e adolescentes desde 2008 no Ginásio São José I mais conhecido como Zezão.

O projeto teve como um dos objetivos principais promover a sensibilização de crianças, jovens e adultos para a importância da cultura do negro no Amazonas e no Brasil.Outro ponto importante do projeto é possibilitar a formação de agentes multiplicadores que posteriormente possam difundir e fomentar a dança com matrizes negras no Amazonas.

O projeto fez seu encerramento na programação da Festa Anual do Grupo Matumbé de Capoeira que esteve realizando troca de graduações. Na programação da festa aconteceu também Samba de Roda e apresentação do grupo Tambor de Crioula Punga Baré-Mestre Castro.

O grupo Matumbé de Capoeira (Ex-Cativeiro) existe há 34 anos, possui filiais na Espanha, Islandia, Jamaica, Itália e Estados Unidos. O grupo Matumbé é um dos grandes apoiadores do projeto tendo a frente o Mestre KK Bonates, um grande agitador cultural e militante do movimento negro no Amazonas. Outros apoiadores são: o Centro de Investigação em Arte e Cultura Afroameríndia-FACCI e Prefeitura de Manaus. A apresentação teve entrada gratuita.


Aulas e ensaios


Aulas e ensaios no ginásio Zezão.

Aulas no Ginásio Zezão em 2013.

Aulas e ensaios no ginásio do Zezão

Apresentação de danças no Encerramento na Vila Olímpica do D.Pedro I

Apresentação de danças no Encerramento na Vila Olímpica do D.Pedro I

Roda de Capoeira do Matumbé Capoeira

Roda de Capoeira do Matumbé

Roda de Capoeira do Matumbé


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

SOBRE A 5ª AÇÃO DO ALIMENTA DANÇA PROJECT


No dia 05 de dezembro de 2013 às 19h00mim horas foi realizado a 5ª Ação do Alimenta Dança Project, na estação Arte e fato no centro de Manaus. Com o tema: Os editais alimentam as produções culturais no Amazonas? Com os convidados: Taciano Soares, Keila Serruya, Beatriz Dominguez e Francis Baiardi com a Contem Dança Cia, para colaborar com o bate papo. Francisco Rider e a Contem Dança Cia realizaram performances relacionadas ao tema do encontro e as conversas e apresentações artísticas foram acompanhadas de cuscuz com café e chá para os convidados.
 



Tendo como uma das propostas de alimentar não somente os sentidos e os paladares, o Alimenta Dança propõem principalmente fazer reflexões sobre questões da dança contemporânea dialogando com a linguagem das artes visuais, da performance e da arte culinária.O projeto tem como um dos focos dar abertura e autonomia para o artista gerir e divulgar o seu próprio trabalho.
 
Na 5ª Ação foram levantadas várias questões a respeito do tema proposto e percebe-se uma preocupação dos artistas idealizadores do projeto para um pensamento de como criar mecanismos e alternativas para que o artista local possa criar, fomentar e dar continuidade as suas criações e as suas relações com os modelo e formatos de editais que se encontram na cidade de Manaus.
 
Falar de políticas públicas não se resume a entender de leis, porém digo que é importante sabê-las para entender melhor como captar recursos, mas principalmente como chegar até elas e como fazer valer, como revisar e rever essas leis de incentivo aqui na nossa região, porém sabemos que todos os mecanismos ainda são muito complexos para nós artistas.
 

Talvez uma dos caminhos para sanar com a defasagem nos índices de aprovação de projetos promovidos pelas secretarias do Estado e Município se encontre na formação de pessoal capacitado para isto. De acordo com o gráfico de Lima, Waner G., sugestão do autor que se encontra disponível em:
http://revista.uft.edu.br/index.php/interface/article/viewFile/370/260, observa-se somente duas instiuições que disponibilizam cursos nesta área na cidade de Manaus. 
Não precisamos só de cursos livres e ou cursos técnicos, urge um curso de graduação para um estudo mais detalhado sobre políticas públicas em Manaus e no Brasil.

Estou de acordo com o artista Taciano Santos quando este fala da necessidade urgente de se criar uma graduação para entender sobre políticas públicas e estou nesta luta também.
 
Sabemos que o caminho é tortuoso e encontraremos muitos obstáculos e grandes são os desafios pela frente, mas isto é um desafio colocado ao povo e principalmente a classe artística que luta por melhorias na cultura e não poderia deixar de citar Patrícia de Matos, Diretora de Cultura da UNE que diz: "É um desafio colocado ao povo brasileiro pressionar por mais avanços nesse sentido, para garantir políticas de Estado".
 
Parabenizo aos artistas que fazem parte dessa rede de pensamentos e desejo que a mesma cresça e que novos adeptos venham "engrossar este caldo" e alimentar, estimular e incentivar ao outros também com mais ideias de comunicação, de compartilhamento e principalmente de ações concretas para a organização de políticas públicas para o nosso estado.
 
Que venham outros festivais, encontros e seminários que pensam no coletivo!
 
Referências Bibliográficas:

http://www.une.org.br/2013/08/as-politicas-publicas-para-a-cultura-no-brasil-por-patricia-de-matos/ . Acesso em 06.12.2013 ás 14h59min.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_p%C3%BAblica. Acesso em 06.12.2013 às 13h44min.

http://brhostweb.com/www/revista.uft.edu.br. Acesso em 06.12.2013 às 12h20mim.


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

IMPRESSÕES DE CLÉIA ALVES SOBRE O SEGUNDO INTERCÂMBIO CULTURAL MANAUS-MARSELHA/FRANÇA 2013.

Falar de mim, do que sou, das minhas raízes e não ser estrangeira no meu próprio país é o que me move e o que nos moveu, a mim e Francis Baiardi a sair de nosso lugar,da cidade de Manaus do Estado do Amazonas e Brasil para compartilhar nossas ideias, pensamentos pesquisas e criações artísticas do outro lado do Oceano Atlântico para estar em Marselha na França.
Dar continuidade ao intercâmbio cultural que a cada passo se concretiza para a Contem Dança Cia, FACCI e para a Cie Le Rêve de La Soie, se faz importante para que possamos conhecer e entender culturas e modos de vida diferentes.
Ao realizar a palestra e a oficina com temática das danças de matrizes negras no Amazonas para os Marselhenses e participantes de outros países percebi que ainda ocorre uma visão romântica sobre o modo de vida dos brasileiros, apesar de encontrar pessoas que se interessam e procuram saber um pouco mais de nossa cultura, mas em sua maioria a visão ainda é restrita.
A visão sobre o racismo e a discriminação no Brasil é tido como algo inexistente, por saber que existe carnaval e futebol, somos conhecidos como um povo muito alegre e hospitaleiro e portanto convivemos harmoniosamente sabendo lidar com a diversidade.

A palestra mostrou que existe o racismo e a discriminação e que é preciso retirar este "manto" que cobre e tenta camuflar esse fato e esta parte da nossa história de tragédias, descaso, preconceitos, injustiças e dor como diz Roberto Maringoni: "É uma chaga que o Brasil carrega até os dias de hoje".
Isso não se pode deixar esquecer e como militante do movimento negro e educadora me sinto no papel de falar sobre esses assuntos aqui no Brasil e no exterior.
Mas também falei do legado e da importância que os negros nos deixaram e da beleza e do orgulho de se afirmar como negro no Brasil nos dias de hoje.
Francis Baiardi teve o papel de falar do índio de ontem e de hoje em seu espetáculo solo Dinahí.
Falar da importância da manutenção das lendas e mitos para a nossa cultura e de como o indígena vive e tenta manter-se nos dias de hoje não é tarefa fácil para nós artistas, pois requer cuidado e muito sensibilidade na obra artística, porém Francis Baiardi soube lindamente tratar deste assunto complexo.
O espetáculo Dinahí é um trabalho de dança muito cuidadoso que aborda questões sociais e culturais, e que trata também da nossa contemporaneidade de como vemos e lidamos com o indígena no Brasil, da afirmação da origem indígena no sangue e do legado desses povos para todos nós.
A viagem para Marselha me fez perceber que somos mais reconhecidas e valorizadas como amazonenses e brasileiras fora do Brasil. Temos conhecimentos, ideias e portas abertas para compartilhar, no entanto nossos pares aqui em Manaus não querem somar, ao contrário da estada em Marselha que todos queriam saber e trocar conhecimentos, isso realmente é uma tristeza, mas seguimos na luta! Como diz o amigo artista Marcos Tubarão.
Penso que nosso objetivo foi alcançado quando relembro das conversas com os artistas e amigos que conquistamos nesta viagem, quando falamos das questões do índio e do negro no Brasil e de como a arte tem o poder de comunicar de informar, fazer refletir, analisar, também tocar os corações e ainda mais profundamente a alma.
Só tenho a agradecer ao amigo e grande incentivador disso tudo Patrick Servius que se mostra um artista e uma pessoa muito sensível, que busca sempre fazer esta ponte no intercâmbio que procura motivar e sensibilizar aos outros seus pares para a busca do entendimento do outro.
Meus agradecimentos especiais para Patrick Servius, Véronique Larcher, Beth Rigaud, Patricia Guannel, Elsa Wolliaston, Kenjah, Juciara, Regina e Juruna.
Desejo vida longa a nosso Intercâmbio Cultural e que outros países venham participar deste também.