sexta-feira, 17 de maio de 2013

Trajetória Cléia Alves

Memorial Descritivo
Sou professora de dança formada em Licenciatura em dança e dançarina profissional pela Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia, conclui meus estudos no ano de 2000.No ano de 2007 conclui o curso de pós-graduação sendo Especialista em Metodologia do Ensino Superior,  pelo Centro Universitário do Norte-UNINORTE, com o tema: Métodos e Técnicas de Dança desenvolvido para crianças de 6 a 8 anos no Centro Cultural Cláudio Santoro em Manaus.
Minha primeira experiência como bailarina aconteceu no ano de 1985 no Projeto Dança Escola, promovido pela Secretaria da Educação e Cultura do Amazonas. Participei deste projeto até o ano de 1987 dançando em teatros, centros culturais e escolas.Neste mesmo ano  fiz um teste e ingressei no Grupo Experimental de dança do Teatro Amazonas,onde viajei para o interior do estado  participando de festivais de música e eventos comemorativos.Minha experiência como professora de dança aconteceu no ano de 1988, no Teatro da Mineração, na periferia de Manaus, coordenado pela professora e coreógrafa Conceição Souza sob a administração do Teatro Amazonas. Ministrei aulas de iniciação a dança para crianças, onde finalizei o ano com uma apresentação de dança para a comunidade local.Com a mudança de administração do Teatro Amazonas o grupo experimental acabou e parei de dar aulas.Ingressei como bailarina no Grupo Gedam no ano de 1989 e permaneci até 1991, onde participei de espetáculos viajando para o interior do estado e também eventos na cidade de Manaus.No ano de 1991 fui convidada a fazer parte da Cia Renascença de dança coordenada pelo bailarino Jorge Kennedy recém chegado de Salvador.Nesta Cia tive contato com a dança teatro, na época era uma novidade na cidade de Manaus.Em 1993 a Cia Renascença se desfez e virou a Cia de Dança do Sesc.Paralelo a estas atividades eu ministrava aulas de dança no Sesc de Manaus e participava de cursos de dança contemporânea, ballet clássico, jazz, dança afro, composição coreográfica. Minha participação na Cia de Dança do SESC terminou no ano de 1994, pois no ano seguinte partiria para Salvador para me especializar em cursos de dança.Minha chegada em Salvador me fez perceber que era mais importante ingressar na vida acadêmica, então resolvi fazer o vestibular, pois desde a época do grupo experimental pensava  na minha carreira como professora.
Durante meus estudos na faculdade tive muitos contatos com técnicas e atividades relacionadas ao mundo das artes
encontrando inspiração para criar e experimentar processos coreográficos através das disciplinas do curso de dança. Na faculdade tive disciplinas com professores que muito contribuíram para minha formação artística e de vida, tais como: Marli Sarmento, Antrifo Sanches, Fafá Daltro e Nelma Seixas. Neste período fiz alguns cursos de dança afro com professores como Isaura Oliveira, Nildinha Fonseca, Augusto Omolu e o professor King, dança moderna com o Professor Zebrinha e oficina de composição coreográfica com Marcelo Moacir.  
Ao retornar para  Manaus trabalhei como professora de dança contemporânea no Centro de Artes da Universidade Federal  do Amazonas no ano de 2002,no Centro Cultural Cláudio Santoro nos anos de 2001,2002,neste período fiz algumas coreografias para final de ano e mostras didáticas nestes lugares,mas tinha  vontade de criar meu próprio espetáculo,sentia que podia desenvolver minha aptidão para criar e dirigir um espetáculo de dança.Foi então que no ano de 2002 a convite da professora Edna Marta Marti,  comecei a produzir meu primeiro espetáculo de dança chamado "Cidadão do Mundo" com a Cia Ballet da Barra.Neste trabalho ainda tinha fortes indícios de trabalhos anteriores pelos quais havia dançado.No ano de 2003 percebi que era hora de mudar e experimentar coisas novas.Buscando  novas linguagens, vi na capoeira inspiração para minha segunda pesquisa coreográfica com a Cia Ballet da Barra. Ao final da pesquisa chamei o trabalho de "Berimba Berimbau", porque neste trabalho falava do berimbau  como ponto central. No ano de 2006 realizei mais uma pesquisa coreográfica culminando em uma linguagem  mais perto do que eu queria falar com a dança. Era o espetáculo Manaus Cabocla.Neste trabalho eu queria falar das coisas  da minha cidade do meu estado,dos hábitos,dos costumes,enfim tudo que estivesse relacionado a ser amazonense e principalmente manauara.O espetáculo estreou neste mesmo ano, ficando em temporada por um mês e pela  aceitação da comunidade e críticas de alguns artistas em geral, acho que consegui algum êxito na minha pesquisa.
Em 2008 comecei uma pesquisa coreográfica buscando novas idéias,novos caminhos e formas de expressão, utilizando os elementos do cotidiano amazônico juntamente com a mitologia da etnia Ticuna e Tupaiu como fonte de inspiração e de expressão estética,visando um discurso artístico corporal amazônico.Esta pesquisa culminou no espetáculo "A Criação do Mundo" realizado com a Cia Ballet da Barra.Este trabalho foi premiado no Programa de Apoio às Artes-ProArte 2008 promovido pela Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas.
 
Paralelo as minhas produções de espetáculos, trabalho desde 1988 em parceria com vários segmentos do Movimento Negro do Amazonas, com grupos de arte popular, grupos de capoeira em Manaus e Salvador assim como, grupos de pesquisas em danças afro-ameríndias no Amazonas. Também ministrei oficinas de danças de matrizes negras nos seguintes países: Bélgica, Grécia e Inglaterra.
Atualmente desenvolvo um trabalho de promoção a preservação dos valores culturais, sociais e da economia solidária oriundos da matriz afro-brasileira com a Cia Ballet da Barra, Instituto Escada Sem Degraus e Grupo de Capoeira Matumbé na cidade de Manaus. Minha motivação para a pesquisa em dança voltada para as matrizes africanas é contribuir para a luta contra o preconceito racial e sócio-econômico e também pela retirada do “manto da invisibilidade” que nega a importância do legado afro-descendente para a construção da cultura Amazônica e brasileira. Minhas ações visam principalmente subsidiar com atividades extracurriculares a efetivação da lei n.11.645/2008 e o Estatuto da Igualdade Racial. 

Pela minha vivência, percebo que na cidade de Manaus ocorre o desnvolvimento de várias linhas de trabalho utilizando a dança como parte integrante de manifestações artísticas e culturais sendo que a dança afro vem ganhando espaço e se difundindo graças a trabalhos realizados por comunidades alternativas. No entanto, esse processo de consciência étnica e de desenvolvimento de cidadania nas escolas pelas artes e, principalmente pela dança, ainda é tímido,sendo necessário uma melhor estruturação, divulgando, fortalecimento. 
 
Em 2012 iniciei uma nova pesquisa com temática da água 
e o uso pelo homem, se enfatiza questões como o desperdício, a poluição a redução e morte de manaciais.A proposta é inspirada na bacia amazônica, a maior fonte de água doce do planeta e tem a capital Manaus, a maior metrópole do norte,como cenário.